domingo, 4 de outubro de 2015

Encarando o vazio...


Ela te disse que era problema. Ela avisou, gritou, criou muros, colocou até aquelas placas de aviso: "CUIDADO ÁREA PERIGOSA!",mas você, como sempre, ignorou.
"Ela não é flor que e cheire!", eles diziam, e você só ouvia "ela é flor". 
Um dia desses; um dia como qualquer outro; um daqueles dias em que sentavam na calçada pra ver o movimento da rua, você roubou um beijo, roubou o ar, roubou o que restava de paz, e ela não disse não. Você sorriu, você sorriu aquele sorriso branco, cheio de dentes, você sorriu aquele mesmo sorriso do dia em que se conheceram. 
Você sempre acreditou que iria preencher os vazios do seu coração, mesmo quando ela te dizia que não havia nada de encantador batendo lá dentro. E ela estava certa, no fundo os dois sabiam que ela estava certa. 
Até que num dia desses; um dia como qualquer outro; um daqueles dias em que sentavam na calçada pra ver o movimento da rua, você não encontrou o vazio. Você tentou sorrir, tentou gritar, quebrar os muros, roubar as placas, mas não conseguiu devolver a paz. Você finalmente ouviu o que eles diziam:"Porquê, ela não é flor, ela é erva daninha, ela mata aos poucos, ela rouba o que você tem de bom e depois vai embora, ela não é vazia, ela é ruim porque tem um coração cheio!". Eles estavam certos, eles sempre estão. 
Hoje é você quem encara o vazio; hoje ela é a personagem que sorri.
Acabou. Foi um bom filme, um bom roteiro, bom elenco, mas ela continua lá. Ela espera pelos créditos, ela espera que a sala esteja vazia, pra abrir os olhos. No final, seu vício era o vazio, aquela sensação de fim, aquela angustia, a sensação de estar só. Ela só quer encara o vazio. O seu vazio.
"O amor é suicídio", ela sussurrou antes de cair.

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